MONARQUIA E PROFETISMO NA BÍBLIA - PARTE I
Bela reflexão feita pelo Pe. Figueira, SCJ no 28º Encontrão de Articulação das SMP´s e 15º Encontro de Formação Missionária do Regional NE 5 em Santa Luzia do Paruá - MA nos dias 26 a 28 de abril de 2019.
Exodo: do Egito a Terra Prometida
Monarquia: Depois
de cerca de 200 anos na Terra Prometida,
temos a passagem do Tribalismo (Juízes) à Monarquia (Reis).
O Rei, no campo político, toma o lugar de Deus. Por isso,
surgem os Profetas que são pessoas de Deus, que defendem a justiça, os pobres e
a Lei de Deus.
Primeiros Reis:
a. Saul:
inicia bem, é aclamado pelos proprietários dos bois. Depois Saul se afasta do
Profeta Samuel, do povo e de Deus. Tenta matar Davi. Morre de forma estúpida.
b. Davi: foi o grande Rei de Israel. Unificou o
país, estabeleceu as fronteiras, praticou a justiça. Mas... teve seus pecados.
De Davi será a dinastia real e virá o Messias.
c. Salomão: Assumiu o poder eliminando os adversários.
É sábio. Construiu o Templo. Mas... sobrecarregou o povo com tributos. Casou
com mulheres estrangeiras....
Divisão do Reino: Com a morte de Salomão, o povo pediu menos
tributos. Mas o novo rei (Roboão, filho de Salomão) não ouviu o povo e com isso
houve a divisão do Reino:
Reino do Norte: com dez tribos, chamado também Israel,
capital Siquém e depois Samaria. Sem uma dinastia permanente.
Reino do Sul: com duas tribos (Judá e Benjamin), chamado
Judá, capital Jerusalém. Terá sempre reis da dinastia davídica.
O Reino do Norte iniciou recuperando muitas características
do tempo dos Juízes. Mas aos poucos a sucessão dos Reis foi concentrando o
poder. Um dos períodos dramáticos é quando sobe ao trono o rei Acab. Ele
casa-se com Jezabel, que é estrangeira. Esta traz para o santuário o culto a
Baal e seus profetas. Surge então o maior de todos os Profetas, que é Elias.
Baal era o deus da fertilidade e da natureza, mas em vez de chuvas boas, veio a
seca. O conflito entre o rei e o Profeta será constante... Vários reis se sucederam e todos receberam a
afirmação “fez o mal aos olhos do Senhor”. Num período de 15 anos, tivemos
vários golpes de estado, cinco reis assassinados e um que se suicidou. Houve a
guerra sírio-efraimita (2Rs 19,4-5; Is 7-8). Uma guerra entre irmãos. Os
Profetas clamavam por justiça! Em 721 aC a Assíria derrotou de vez o Reino do
Norte (2Rs 17,5-6), levando ao exílio seus líderes. Trouxe para Samaria povos
estrangeiros que deram origem aos samaritanos (2Rs 24.29-31).
No Sul, houve sempre reis da dinastia de Davi. A maior parte
deles também “faz o mal aos olhos do Senhor”, com exceção de Ezequias, que foi
um bom rei, e Josias, que promoveu uma reforma religiosa, mas morreu jovem. A
Assíria cercou Jerusalém, mas uma peste dizimou as tropas que se retiraram.
Isso ajudou a dar força à idéia dos falsos profetas de que Jerusalém jamais
seria destruída. Mas em 609 a Babilônia faz o cerco e a primeira deportação. E
em 586 aC, foi a derrota total. O Templo foi saqueado e incendiado. Todas as
lideranças foram exiladas. Metade da população morreu. E o povo de Deus foi
para o Exílio!
Encontramos sofrimento entre o povo que ficou (Livro das Lamentações)
e sofrimento entre o povo que foi exilado (Salmo 137). A Profecia se manifestou
de outra forma. Profetas como Jeremias ficaram o povo da terra (Jr 40,1-6) e
Ezequiel e o II Isaías (Is 40-55) acompanharam o povo exilado na Babilônia.
Estes alimentaram a esperança de um novo êxodo. O povo de Deus é o Servo
Sofredor, consolado por seu Deus e que mantém firme a esperança na Promessa de
seu Deus!
O Exílio foi o tempo também da reflexão. O povo olhava para o
passado e verificava as causas da catástrofe. O povo não ouviu a voz profética
de seu Deus, não seguiu suas Leis e Mandamentos; esqueceu do Deus que os libertou
do faraó e da terra do Egito... Foi neste período que foram escritos, ou feita
a última redação, da maioria dos livros do AT. Os textos de Gn 1-11 mostram que
o Deus Libertador no Êxodo, é agora Consolador no Exílio, e é também o Deus da
Criação, desde o princípio de tudo.
O Retorno: 48 anos depois, a Babilônia caiu e Ciro, o rei da
Pérsia, governava o mundo. Ele autorizou o retorno dos judeus exilados. Não foi
um esplendor como o êxodo. Nasceu o Judaísmo firmado em três pilares: Raça
pura, Templo e Lei. Mas o povo pobre e algumas correntes internas ao Judaísmo
começam a alimentar o sonho Messiânico!
A diáspora conduz o povo para o meio de outras
culturas. É neste tempo que a Palavra de Deus é traduzida para o grego
(Septuaginta ou LXX). Da mesma forma que toda a Sabedoria de Israel foi
valorizada e recolhida como Palavra de Deus. Tudo isso também para evitar que
os jovens perdessem todo o patrimônio da cultura hebraica...
Novos impérios dominaram o mundo: A Grécia, com a Alexandre
Magno conquistou a Terra Santa. Depois de Alexandre, o império se dividiu entre
os generais. Estes cobraram tributos e tentaram helenizar a Terra Santa,
chegando a colocar estátuas dos deuses no Templo. Surgiu a revolta vitoriosa
dos Macabeus. E por fim, veio a dominação romana.
O povo dizia: "Não existem mais profetas" (Sl
74,9;1Mc 9,27). Mas, o AT se fecha em clima de futuro e expectativa (Ml
3,23-24). O povo lia a Lei e os Profetas e esperava... Olhar para o passado era
recordar a Promessa e as ações de Deus! Alguma coisa estava para acontecer!
ETAPAS DO PROFETISMO EM ISRAEL
Embora o profetismo de Israel
pouco diferisse do mesmo fenômeno da Mesopotâmia, Fenícia e Canaã, evoluiu e se
tornou um fator característico da
história do povo escolhido.
Por que a nação judaica conseguiu sobreviver, quando tantas nações
menores da antigüidade cedo ou tarde perderam a sua identidade sob os grandes
impérios do Oriente Médio? Nações arrasadas por sucessivas
derrotas na guerra, reduzidas a um simples resto, deportadas para países
distantes, sujeitas à dominação de grandes potências estrangeiras e altamente
civilizadas. Entre essas nações que sobreviveram, destaca-se a nação
judaica... e a explicação para isso,
está no fato de que os grandes profetas elaboraram uma interpretação particular
do curso da história e imprimiram uma nova direção à sua história para o futuro.
Mais do que garantir a sobrevivência de um povo, eles promoveram uma tradição
religiosa que eles haviam herdado, fomentaram o seu desenvolvimento entre os
séculos VIII e IV a.C., e o legaram ao judaísmo. Foram inteiramente fiéis ao
dogma fixado na era mosaica (monoteísmo ético) e guiaram, cuidadosamente, a
jornada espiritual que conduzia a Cristo.
1. O MOVIMENTO PROFÉTICO
O nome
Em hebraico a denominação corrente
do profeta era nabi - “o que é
chamado”. Em grego,na Setenta (LXX), nabi se traduz sempre por profetes
- do verbo phemi — “dizer”, “falar” mais o prefixo pro ou seja, falar
em lugar de, em nome de. O profeta é alguém que fala em nome de Deus; é alguém
chamado por Deus para ser seu porta-voz.
Os
primeiros grupos proféticos
Nos séculos XI e X a.C., em
Israel, deparamos com um certo movimento profético e uma forma de profecia
conhecida como profecia extática. Era uma época de crise. Corporações de
profetas ofereciam resistência aos perigos que ameaçavam destruir
espiritualmente a nação (1 Sm 9-10). Viviam em grupos nas imediações dos
santuários de Iahweh (1Sm 19,20). “Profetizavam”, excitando-se até entrarem em
verdadeiros transes de furor; esse estado era causado pela música e pela
dança, e era contagioso (1Sm 10,5s).
Essa instituição lembra a dos
profetas fenícios e cananeus de Baal (cf 1Rs 18). Podemos dizer que uma
instituição de tipo cananeu se transformara em instituição carismática do
javismo. Esses profetas eram os
defensores do anticanaanismo, reconhecidos, mais tarde, pelos grandes profetas copmo seus humildes
predecessores (cf. Am 2,l; Jr 7,25).
OS “FILHOS DOS PROFETAS”
No século IX a.C. encontramos
fraternidades de “filhos de profetas” - os membros dos grupos proféticos, atuavam também junto aos santuários de Betel,
Jericó e Guilgal (2Rs 2;4,38-41;6,1-7). Havia grupos espontâneos dos
que desejavam defender o Javismo contra o Baalismo dominante. Assim Elias, o
defensor de Iahweh, fez causa comum com esses profetas (1Rs 18,22;19,10.14), e
Eliseu associou-se a eles e empregou-os em sua missão (2Rs 2,3.15;4,38;9,1-3).
Todavia, nem Elias nem Eliseu saíram do número desses profetas.
PROFETAS INSTITUCIONAIS OU
PROFISSIONAIS
Durante a monarquia, lado a lado com os profetas clássicos, havia o
profetismo, chamado institucional ou
oficial, acompanhavam o rei (lRs 22); eram uma parte integrante da nação (Jr
18,18; 2Rs 23,2); proferiam seus oráculos no recinto do Templo (Jr 28; Ne
6,12). Esse profetismo não era, em si, uma coisa má ou degradada, mas os profetas
eram, pela sua posição, constantemente tentados a identificar a causa de Iahweh
com a do rei. Contra esses pofetas, os profetas vocacionais fizeram oposição (cf. Am
7,14; Jr 28), e Zc 13,1-6 falam do seu desaparecimento. As regras para o
discernimento dos espíritos, dadas em Dt 13,1-5;18,21s, visam claramente a
esses profetas — porquanto havia de fato falsos profetas entre eles.
OS PROFETAS CLÁSSICOS OU
VOCACIONAIS
Os profetas clássicos (profetas
vocacionais) não são um grupo, são indivíduos é eles que nos referimos
quando falamos dos “profetas”. A partir de Amós, podemos falar em profetas
“pregadores” e profetas “escritores” ou literários (embora não existiram
profetas “escritores” antes do século VIII a.C.).
Samuel pode ser considerado o
primeiro dos profetas vocacionais ou individuais. Davi tinha como conselheiros
dois representantes do ideal teocrático, herdeiros de Samuel: Natã (2Sm
7,1-17;12,1-5; 1Rs 1-2) e Gad (1Sm 22; 2Sm 24). Sob Salomão, houve, ao que
parece, uma oposição profética, representada por Aías de Silo, que predisse o
cisma de 931 a.C. (1Rs 11,29-39). Em ambos os reinados a intervenção desses
profetas se inspirou num motivo comum: queriam manter os antigos valores de igualdade
e justiça que estavam ameaçados pela política real, a paz que estava ameaçada
pela divisão, e a unidade de rito e culto. Aías, por conseguinte, condenou a
casa de Jeroboão pelo seu cisma cúltico (1Rs 14,1-19). Semeías proibiu Roboão
de reconquistar o Norte (1Rs 12,21-24). Sob Jeroboão certo profeta cujo nome
se desconhece amaldiçoou o altar de Betel (iRs 13,11-32). Jeú, filho de Hanani,
predisse o fim do usurpador Baasa (lRs16,1-4.7-13).
A dinastia de Amri assinala um
período muito importante na história do movimento profético; é a véspera da
época dos grandes profetas. Houve muitas intervenções de alcance religioso e
nacional (1Rs 20,13s.28.35s; etc.). O de Miquéias, filho de Jemla, é
importante por causa de sua oposição aos profetas profissionais (1Rs 22).
A vocação de Elias viria afirmar
o Javismo exclusivo e ético dos seus antepassados. Opôs-se à religião da
natureza, cuja influência se acentuava agora com a introdução do Melcart tírio
(Baal) por Jezabel, e era o arauto de um ressurgimento religioso cujo espírito
era o do deserto onde ele revivera a experiência de Moisés (1Rs 19,1-18). Da
sua fidelidade a Iahweh derivava a sua proclamação da justiça social (1Rs 21),
sua intervenção política contra Acab e Jezabel, e suas advertências ao povo. Sua
obra, quer política quer religiosa, foi completada pelo seu discípulo Eliseu
que, pela instrumentalidade de Jeú, consumou a queda da dinastia de Amri.
Praticamente não sobreviveu
nenhum oráculo desses dois homens, talvez porque foram poucas as suas falas,
uma vez que eram homens mais de ação que de palavras. Mas podemos saber como
devem ter falado voltando-nos para os que foram seus herdeiros espirituais.
“Se quisermos saber como Elias e Eliseu reagiram aos males do século IX, basta
lermos o que Amós, Oséias e Isaías, disseram no século VIII a.C.” Continuaram
por todos os séculos seguintes até que chegou ao fim o movimento profético, com
o Dêutero-Zacarias no século IV a.C.
OS ESCRITOS PROFÉTICOS
O profeta e a profecia
O profeta vocacional é um homem que
teve um encontro pessoal e extraordinário com Deus, para ser mensageiro e
intérprete da palavra divina. Não só as palavras do profeta, mas suas ações,
sua própria vida são profecia. A palavra que baixou sobre ele o obriga a falar:
“O Senhor Iahweh falou: quem não profetizará?” pergunta Amós (Am 3,8); mas a
tua palavra era em meu coração como um fogo devorador, encerrado em meus ossos
(cf. Jr 20,9). O casamento de Oséias é um símbolo (Os 1-3); Isaías e seus filhos
são sinais (Is 8,18); Ezequiel multiplica os gestos proféticos (Ez
4,3;12,6.11;24,24).
O que realmente importa é a
relação entre o profeta e a palavra de Deus, porque o profeta é um homem que
teve experiência imediata de Deus e se o que — ele está persuadido, se sente impelido a falar — é a palavra divina. O
profeta é um místico, a visão que o profeta tem de Deus penetrou toda a sua
maneira de pensar, e ele vê as coisas do ponto de vista de Deus, e está
convencido de que as vê assim. Eles não
eram filósofos, o que eles diziam era
“Assim fala o Senhor”. Deus lhes falava a partir dos eventos que experimentavam
e a interpretação profética da história que eles davam, era Palavra de Deus aos
homens.
CRITÉRIO DO PROFETA AUTÊNTICO
O profeta alegava falar em nome
de Deus. Mas a expressão por si só não basta para autenticar a mensagem,
porque aqueles que chamamos “falsos profetas” também afirmavam: “Assim fala
Iahweh”. Jr 28 elucida bem este ponto. Hananias é chamado um nabi; falou
no nome de Deus (Jr 28,2), e no entanto as suas palavras não eram
verdadeiras.... O Deuteronômio fala de dois critérios para distinguir entre
falso e verdadeiro profeta: um é o cumprimento da profecia (Dt 18,21s); o outro
critério, o mais importante, é a doutrina e a vida do profeta (Dt 13,1-5), que
deve manifestar-se na linha do puro Javismo.
DAS ORIGENS DA MONARQUIA ATÉ AMÓS (sec. X-IX)
Nestes séculos, que vão desde a
instauração da monarquia até a aparição de Amós, podemos distinguir três etapas,
muito ligadas à atitude que o profeta tem diante do rei.
1. Etapa da proximidade física e distanciamento crítico: Natã e Gad
A primeira pode se definir como proximidade
física e distanciamento crítico com relação ao monarca. Os representantes mais famosos desta primeira época
são Gad e Natã.
Gad intervém em três ocasiões:
aconselhando a Davi que volta a Judá (lSm 22,5), acusando-o de ter realizado o
recenseamento (2Sm 24,lls) e ordenando-lhe que edificasse um altar na eira de
Areúna (2Sm 24,18s). Portanto desempenha uma função de conselheiro militar,
uma função judicial e uma função cultual.
Natã é o profeta principal da corte em três momentos decisivos da vida
de Davi: quando pretende construir o templo (2Sm 7),
quando comete adultério com Betsabéia e manda assassinar Urias (2Sm 12), quando
Salomão sobe ao trono (1Rs 1,11-48). Como profetas da corte, Gad e Natã, nunca
se venderam ao rei. Por isso podemos definir sua postura como proximidade física e distanciamento crítico.
2.
Distanciamento crescente da corte: Aías e Miquéias de Jemla
A segunda etapa se caracteriza por uma distância
física que se vai alargando sempre mais entre o profeta e o rei. Um exemplo significativo é o de Aías
de Silo, do qual se conservam dois relatos (1Rs 11,29-39 e 14,1-8),
dirigidos a Jeroboão I de Israel. A primeira vez para prometer-lhe o trono; a
segunda, para condená-lo por sua conduta. Isto demonstra que o compromisso do
profeta não é com o rei, mas com a palavra de Deus. E interessante também
observar que Aías não vive na corte nem perto do rei, como Gad e Natã na etapa
anterior. A primeira vez vai ao encontro do monarca no caminho, a segunda é a
esposa de Jeroboão quem vai buscá-lo. Aqui podemos incluir também Miquéias, filho de Jemla, que só
aparece em 1Rs 22, quando Acab de Israel se une a Josafá de Judá para lutarem
contra os sírios. O texto é muito interessante pela confrontação entre
verdadeiros e falsos profetas. Estes aparecem vagando com o rei, sempre
torcendo por ele e falando a favor dele. Miquéias não está presente e é preciso
mandar buscá-lo. Não se compromete com nada, somente a «dizer o que lhe ordenar
o Senhor” (v. 14).
3. Aproximação do povo: Elias e Eliseu
A terceira etapa concilia o
afastamento progressivo da corte com a aproximação cada vez maior do povo. O exemplo mais patente é o de Elias.
Nos casos de Aías e Miquéias, quando o rei busca o profeta, o encontra. Com
Elias não acontece assim. Como diz Abdias: Não há nação nem reino aonde meu amo
não tenha mandado te procurar... mas quando eu me apartar de ti, o espírito de
Javé te transportará não sei para onde, eu irei informar Acab e ele, não te
achando, me matará!» (1Rs 18,10.12). Efetivamente, Elias nunca pisa o palácio
de Acab. Uma vez vai ao seu encontro «na vinha de Nabot (1Rs 21). Numa outra
ocasião se aproxima dele — por expressa ordem do Senhor — mas exige a presença
de todo o povo (1Rs 18,19).
Suas relações com Ocozias não
foram diferentes: ninguém pode obrigá-lo, nem à força, a apresentar-se diante
do rei; fá-lo-á voluntariamente para anunciar-lhe a morte (2Rs 1). Por outro
lado, Elias se aproxima do povo, como demonstra o episódio da viúva de Sarepta
(1Rs 17,9-24) e o julgamento no monte Carmelo (1Rs 18). Estes tímidos passos
serão seguidos por Eliseu, o profeta mais “popular” do Antigo Testamento.
A partir de agora, os profetas se dirigirão predominantemente ao povo. Não deixam de falar ao rei, já que este ocupa um lugar fundamental na
sociedade e na religião de Israel, e de sua conduta dependem numerosas
questões. Mas foi estabelecido um ponto de contacto entre o movimento profético
e o povo, e ambos irão estreitando seus laços cada vez mais.
Elias e Eliseu
Os profetas da terceira etapa merecem um pouco mais de atenção.
Elias. Sua atividade atravessa os reinados de Acab e Ocozias (anos 874 a 852),
no Reino do Norte. E um profeta
itinerante, sem vinculação a nenhum santuário, que aparece e desaparece de modo
imprevisível. De certa forma, Elias
é um novo Moisés. E sua vida repete em parte o itinerário daquele grande
homem: fuga para o deserto, refúgio em país estrangeiro, sinais e prodígios,
viagem ao Horeb (Sinai), que culmina na manifestação de Deus. Como Moisés,
Elias desaparece na Transjordânia. Sem dúvida, há uma intenção premeditada por
parte dos narradores em apresentá-lo desta forma. Se Moisés foi o fundador da religião javista, Elias será seu maior
defensor nos momentos de perigo.
De fato, a política de Amri e de
Acab, especialmente a aliança com Tiro, provocou uma difusão anormal da
religião cananéia. Tanto, que os israelitas se acostumaram a prestar culto a
Javé e a Baal. Esta atitude sincretista havia começado muitos séculos antes, se
dermos crédito à história de Gedeão (Jz 6,25s). Mas é agora que se converte num
perigo sério. A principal missão de Elias consistirá em defender o javismo em toda
sua pureza, com a confissão de que somente Javé é o Deus de Isarael. E esta
confissão tem repercussões não somente no âmbito do culto, como também no
social, como demonstra o episódio da vinha de Nabot.
O ciclo de Elias se encontra em
1Rs 17—19; 21; 2Rs 1 (2Rs 2 parece mais justo atribuí-lo ao ciclo de Eliseu).
«A narração é muito artística, uma obra-prima do melhor período da prosa
norte-israelita, escrita em hebraico puríssimo». Segundo Fohrer, o ciclo foi
composto a partir de seis relatos originais e independentes (anúncio da chuva,
fuga para o Horeb, julgamento no monte Carmelo, vocação de Eliseu, vinha de
Nabot, Elias e Ocozias), que o redator final uniu com outras tradições
milagrosas.
Elias foi uma personalidade
extraordinária, de grande influência sobre o povo (pelo menos nos círculos
proféticos posteriores), que salvou o Javismo num momento crítico, vivendo de
acordo com o conteúdo programático de seu nome: «Javé é o meu Senhor».
Eliseu. Discípulo e continuador de Elias
Seu ciclo se encontra em 2Rs 2;
3,4-27; 4,1—8,15; 9,1-10; 13,14-21. Atualmente os diversos episódios estão
separados às vezes por notícias sobre os reis de Israel e Judá. Começa com um
relato que fala de Elias e Eliseu (2Rs 2), mas o tema principal é a transmissão
do espírito de Elias a seu discípulo. As narrações seguintes formam dois
grupos, de acordo com os aspectos dominantes a que acabamos de nos referir:
—Histórias milagrosas e populares: a água de Jericó, os meninos
de Betel, a viúva, a sunamita, a panela, a multiplicação dos pães, a cura de
Naamã, o machado perdido, ressurreição de um morto ao contacto com o cadáver de
Eliseu.
—Relatos de caráter diverso, mas relacionados com a política:
guerra de Jorão contra Mesa de Moab (2Rs 3,4-27), guerra com a Síria, pondo em
destaque o milagroso (6,8-23), Eliseu e Hazael de Damasco (8,7-15), assédio de
Samaria e fome na cidade (6,24—7,2), unção de Jeú como rei de Israel (9,1-10),
anúncio da vitória contra a Síria (13,14-20). Dentro destes relatos é curioso
que alguns o vêem em boas relações com o rei Jorão (6,8-23), outros em más (3,4-27),
e ainda outros o deixam mais ou menos (6,24—7,2). E quase certo que Eliseu
interveio na rebelião de Jeú contra a dinastia de Amri.
Muito relacionados com Eliseu são
os “filhos dos profetas”. Esta curiosa expressão, que não se deve
entender em sentido físico, aparece dez vezes no Antigo Testamento, nove das
quais em torno de Eliseu. Há mais notícias sobre eles do que sobre os «grupos
proféticos do tempo de Samuel. Encontram-se em localidades ao sul de Israel,
ainda dentro do Reino do Norte, ligadas a santuários (Betel, Jericó, Guilgal).
Alguns eram casados (2Rs 4,1), mas levavam certa vida comunitária (2Rs 2;
4,38-41); ao menos uma vez ou outra se reuniam para escutar o mestre (2Rs 4,38;
6,1). Parecem pessoas de baixo nível social: vivem da caridade pública (4,8),
alguns tinham grandes dúvidas (4,ls), Eliseu divide com eles a comida que
recebe (4,38-41).
Apesar da escassez dos dados,
estes grupos se prestaram a numerosas hipóteses e discussões. Alguns os
quiseram ver como continuadores dos grupos proféticos do tempo de Samuel e dos
que existiram em séculos posteriores. A expressão filhos de profetas não
se refere a associações proféticas em geral, mas a uma organização profética
concreta, limitada a um período histórico e a uma área geográfica bem precisos.
Surgiu em oposição a certas inovações teológicas da dinastia de Amri, alcançou
seu apogeu sob a liderança de Eliseu, e quando, ainda sob seu impulso, se
derrubou a dinastia e se eliminou o culto ao deus estrangeiro Baal, terminou
sua obra e desapareceu da história. O Antigo Testamento não nos oferece dados
para encontrá-los antes ou depois do período em que temos testemunhos diretos
de sua existência.
DESDE
AMÓS ATÉ O EXÍLIO
A idade de ouro (s. VIII)
Amós, Oséias, Isaías e Miquéias
Problemática social, política e
religiosa
Textos selecionados: Is 1, 10-17;
5, 1-7; Mq 3,9-11; 6, 1-8; Os 2,4-25; 11,1-9;Am 3,9-11; 4,4-5; 5,21-24
Perseguição e silêncio (700-640)
4. Ressurgir antes da catástrofe
(640-586)
Sofonias, Jeremias (627-585),
Habacuc (609-605 e.), Ezequiel (primeira etapa: 593-586)
Textos selecionados: Jr 2,1-1 9;
7,1-15; 31; 36—45; Ez 16; 20
A novidade do século VIII
Neste
século ocorre um fenômeno totalmente novo dentro da profecia de Israel: a
aparição de profetas que deixam sua obra por escrito. Por isso são conhecidos
como “profetas escritores”, ainda que o termo não seja muito adequado.
Que sentido tem a documentação
escrita da mensagem profética. Em princípio, poderíamos atribuí-la à difusão
cada vez maior da escrita. Numerosos autores, porém, pensam que a causa é mais
profunda. Se a mensagem dos profetas a partir de Amós se conservou por escrito
foi devido à funda impressão que sua palavra causou nos ouvintes. Haviam
escutado algo novo, totalmente diverso do anterior, que não poderia ser
esquecido. Este novo consistirá na rejeição do reformismo para dar lugar à
ruptura total com as estruturas vigentes.
Os profetas anteriores a Amós
eram reformistas. Admitiam a estrutura em vigor e pensavam que as falhas
concretas podiam ser corrigidas sem abandoná-la. A partir de Amós a situação
muda. Este profeta adverte que todo o sistema está pobre, que Deus não voltará
a perdoar a seu povo. É um cesto de frutas maduras, maduras para seu fim. Ou
como dirá Isaías, uma árvore que deve ser cortada rente ao solo. Única solução
é a catástrofe, da qual possa surgir, com o passar do tempo, uma semente santa
(Is 6,13).
Esta ruptura radical com a
pregação dos profetas anteriores teria motivado a Amós a documentação escrita
de sua mensagem, para que, quando acontecesse a desgraça, ninguém dissesse que
Deus não a havia anunciado. E é possível que a partir dele este costume tenha
vingado entre os profetas posteriores, sem esquecer que às vezes é o próprio
Deus quem lhes ordena escrever seus oráculos (Is 30,8-10; Jr 36,1-3.27-32).
Outro dado que impressiona na
profecia do século VIII é a acumulação, no breve espaço de meio século, de
quatro profetas de grande calibre: Amós, Oséias, Isaías e Miquéias. Sem dúvida,
é a época de ouro da profecia em Israel. Abaixo três aspectos fundamentais para
se entender a profecia no século VIII.
A problemática social, com suas diversas cambiantes, está presente nos quatro profetas. Amós e
Miquéias são os mais preocupados com o tema. Ao primeiro incomoda sobretudo a
situação dos marginalizados sociais; a Miquéias, a opressão dos latifundiários
e das autoridades de Jerusalém sobre os camponeses da Planície. Isaías dá a
impressão de viver na capital e de perceber os problemas de outro ponto de
vista, fixando-se não somente na opressão dos pobres, mas também na corrupção
dos ricos. Esta importância tão grande dos problemas sociais não tem nada de
estranho no século VIII. Tanto o Reino do Norte como o do Sul tinham passado
rapidamente de uma situação trágica, de grande pobreza, para um poderio
econômico só comparável com o do reinado de Salomão. Mas este desenvolvimento
da agricultura e da indústria só foi conseguido às custas dos mais pobres. É
verdade que sempre existiram desigualdades no antigo Israel, mas agora adquirem
proporções alarmantes. O abismo entre ricos e pobres cresce sem cessar, e Amós
não duvida em dividir a população da Samaria em dois grandes grupos: os
«oprimidos» e «os que amontoam opressão e rapina» (Am 3,9-12).
A problemática religiosa tem duas vertentes. Por um lado, encontramos o culto aos deuses
estrangeiros, especialmente a Baal. Os israelitas, ao se instalarem na
Palestina para se dedicarem à agricultura, não pensavam que Javé pudesse
ajudá-los neste novo tipo de atividade. Concebem-no como um Deus guerreiro e
vulcânico, capaz de derrotar o faraó e lançar raios e trovões do cimo do Sinai.
Mas não sabe nada sobre a agricultura. Por isso se recomendam a Baal, deus
cananeu da fecundidade, das chuvas e das boas estações, a quem atribuem «o pão
e a água, a lã e o linho, o vinho e o azeite» (Os 2,7). E surge a luta
religiosa mais exasperada da história de Israel, que adquire tintas trágicas
nos tempos de Elias, com o massacre de quatrocentos sacerdotes de Baal, e na
revolução de Jeú (2Rs 10). Oséias não pretende solucionar o problema com as
armas, inclusive critica duramente Jeú, por ter tentado purificar o culto à
base de sangue. O que o profeta deseja é que o povo tenha um melhor
conhecimento de Deus e se converta. A segunda vertente do problema religioso é
mais grave e aparece nos quatro profetas do século VIII. Trata-se da falsa
idéia de Deus, fruto de um culto vazio, de uma piedade sem raízes e de uma
doutrina mal interpretada. Uma tentativa de manipular a Deus, eliminando suas
exigências éticas em troca de oferendas, sacrifícios de animais, peregrinações
e rezas. O Deus da justiça, que quer um povo de irmãos e não tolera a opressão
dos fracos, converte-se para a maioria do povo num deus como outro qualquer,
satisfeito com o culto que o homem lhe oferece em seu templo. Os quatro
profetas reagem valentemente contra esta perversão da idéia de Deus.
A problemática política é também fundamental nesta época, devido às graves circunstâncias
nacionais e internacionais. Oséias e Isaías se distinguem neste aspecto. A
fagulha que detonará a bomba é a subida ao trono da Assíria de Teglat-Falasar
III (745 aC). Sua política imperialista e a de seus sucessores (Salmanasar V,
Sargon II, Senaquerib) transformaram o Antigo Oriente num campo de batalha,
onde a Assíria tenta impor sua hegemonia sobre povos pequenos e tribos
dispersas. Diante dela, o Egito aparece como a única potência capaz de
oposição. E assim surgirão em Israel e Judá dois partidos contrários, um a
favor da Assíria e outro a favor do Egito, que farão oscilar a política de um
extremo para o outro. Típica de Isaías e Oséias é a defesa da neutralidade,
opondo-se radicalmente tanto às rebeliões contra a Assíria quanto às alianças
com o Egito. Alguns acusaram estes profetas, especialmente Isaías, de
«políticos de utopia». Outros os defendem como homens de grande intuição e
prudência política. O certo é que fracassaram. Nem as autoridades nem o povo
lhes deram atenção.
O século VII
À idade de ouro da profecia
seguem muitos anos de silêncio. Muitos comentaristas estimam em torno de
setenta e cinco anos. Em grande parte se explica pelo longo reinado de
Manassés, homem despótico que “derramou o sangue inocente em quantidade tão
grande, que inundou Jerusalém de um lado a outro» (2Rs 21,16). E possível que
em seu tempo surgissem profetas, embora a frase acima sugira que não os
deixaria dizer muitas coisas. Alguns colocam durante o seu reinado a atividade
profética de Naum, do que discordam muitos outros. Somente em fins do século
VII vamos encontrar um grupo de grandes figuras: Sofonias, Jeremias, Habacuc.
Não é fácil sintetizar-lhes a problemática, porque têm pontos de vista bem
diferentes. Sofonias estimula a reforma religiosa e política do rei Josias.
Habacuc enfrenta o problema da história, dessa série interminável de potências
opressoras — Assíria, Egito, Babilônia —, dado difícil de conciliar com a
bondade e a justiça de Deus.
DO EXÍLIO
ATE O FINAL
5. O anúncio do perdão (585-540)
Ezequiel (segunda etapa:
585-571), Dêutero-Isaías (Is 40—55)
Textos selecionados: Ez 18; 34; 37;
Is 42, 1-4; 49,1-6; 50,4-9; 52,13— 53,12
6. Os profetas da restauração
(538-518)
Trito-Isaías (Is 56—66), Ageu,
Zacarias
Textos selecionados: Is 58,1-12;
5 9—60; 61, 1-3
7. A caminho do silêncio (s.
V-III)
Jonas, Joel, Malaquias, Zc 9—14
Textos selecionados: Jonas, Joel 3; Ml 3,1-3.23-24; Zc 9,9-10
8. Profecias e apocalíptica
Daniel
A Profecia em fins do século VI: o enigma do
futuro
A queda de Jerusalém marca uma
nova etapa na história da profecia. Antes dela foi dominada pelo tema do
castigo e da ameaça. A partir de agora os profetas falam de esperança e
consolo.
Dois personagens são muito
conhecidos: Ageu e Zacarias. Um outro é tão misterioso, que talvez nem tenha
existido (Trito-Isaías). Suas mensagens coincidem às vezes, diferem outras.
Mas, se quisermos um denominador comum que nos permita pô-los em relação, vamos
encontrá-lo em sua preocupação pelo futuro.
Não há nada de estranho nisto. O
povo, que voltou do exílio, está completamente desanimado. O presente não
oferece grandes alegrias. O passado só serve para aumentar a tristeza. A
solução fácil é a alienação: preocupar-se somente pelas coisas imediatas, renunciar
à esperança, não pensar no futuro. Mesmo assim, estes profetas, cumprindo a
antiga missão de sacudir as consciências, enfrentarão o povo com o futuro. Cada
um à sua maneira, partindo de pontos de vista distintos. Os três consolam e
animam, alimentam a esperança numa restauração nacional.
O grupo que conhecemos como
Trito-Isaías vinculará esta mensagem à prática da justiça. Ageu à reconstrução
do templo. Zacarias é talvez o que oferece uma promessa mais incondicional e
quem descreve de forma visionária o futuro do povo de Deus.
Os séculos V-III: a caminho do silêncio
Entramos na etapa final da
profecia israelita. Podemos incluir nela um livro de difícil datação, o de
Joel, com sua famosa praga dos gafanhotos — que preludia a vinda do “dia do
Senhor” — e o anúncio da efusão do Espírito.
Mais segurança ternos em situar
no século V o livrinho de Jonas, com sua maravilhosa mensagem do amor de Deus
aos pagãos, inclusive aos de pior fama, os ninivitas. Na época deve ter sido um
manifesto revolucionário contra a política xenófoba de Esdras e Neemias.
Malaquias, também no século V,
aborda os problemas de sua época, tanto teóricos (amor de Deus, justiça divina,
retribuição) quanto práticos (oferendas, matrimônios mistos, divórcio, dízimo).
Se sua mensagem não alcança os horizontes amplos dos profetas antigos, deve-se
à pobreza de espírito da época. Lendo esta obra, temos a impressão de que a
palavra de Deus torna-se pequena, acomoda-se às míseras circunstâncias de seu
povo. Como se não houvesse mais nada de novo e importante para dizer,
limitando-se a lembrar as pregações do Deuteronômio ou dos profetas anteriores.
A este século pertencem também
coleções tardias, atribuídas mais tarde a famosos profetas do passado: a
chamada «Escatologia de Isaías» (c. 24—27), a coleção conhecida como
“Dêutero-Zacarias” (Zc 9—14) e outros textos. Uma produção interessante, mas
que não chega a eliminar a impressão de que a profecia está chegando ao ocaso.
O silêncio
As
causas que contribuíram para o desaparecimento da profecia foram as seguintes:
—A canonização da «lei
(Pentateuco), que provavelmente aconteceu no século V. A partir de então, o
povo tem um meio seguro de conhecer a vontade de Deus, sem precisar depender da
palavra profética.
— O empobrecimento crescente da
temática profética. De um lado, focaliza um futuro muito distante; de um outro,
quando fala do presente, não trata dos grandes problemas e não tem o caráter
incisivo dos antigos profetas.
— O número crescente de religiões
salvadoras, magos, adivinhos, que o povo identifica às vezes com os profetas e
que provocam o descrédito do profetismo.
De qualquer forma, a profecia continuou
gozando de grande prestígio em Israel, com um matiz importante. Estimavam-se
muito os profetas antigos e se esperava a vinda de um grande profeta no futuro
(1Mc 4,46; 14,41). Para uns seria um profeta como Moisés (cf. Dt 18,18);
para outros seria Elias (Ml 3,23). Para os cristãos esta esperança se cumprirá
em João Batista e em Jesus.
ETAPAS DO PROFETISMO EM ISRAEL
Movimento profético: Nabi e
Prophetes
Os primeiros Grupos Proféticos
Os filhos de Profetas
Profetas Institucionais (profissionais) e Clássicos (vocacionais)
Os Escritos Proféticos (profeta e profecia)
Critérios: verdadeiro e falso profeta
1. Das origens da monarquia até
Amós (sec. X-IX)
a. Etapa da proximidade física e distanciamento
crítico: Natã e Gad
b. Distanciamento crescente da corte: Aías e
Miquéias ben Jemla
c. Aproximação do povo: Elias e Eliseu
Textos selecionados: 2Sm 12; 1Rs 17—22; 2Rs 1—7
2. De Amós até o Exílio (sec. VIII)
Amós, Oséias, Isaías e Miquéias
Problemática social, política e
religiosa
Textos selecionados: Is 1, 10-17;
5, 1-7; Mq 3,9-11; 6, 1-8; Os 2,4-25; 11,1-9;Am 3,9-11; 4,4-5; 5,21-24
3. Do exílio até o final – sec VI
4. Perseguição e silêncio (sec. V -
III)
5. Ressurgir antes da catástrofe
(640-586)
Sofonias, Jeremias (627-585),
Habacuc (609-605 e.), Ezequiel (primeira etapa: 593-586)
Textos selecionados: Jr 2,1-1 9;
7,1-15; 31; 36—45; Ez 16; 20
6. O anúncio do perdão (585-540)
Ezequiel (segunda etapa:
585-571), Dêutero-Isaías (Is 40—55)
Textos selecionados: Ez 18; 34;
37; Is 42, 1-4; 49,1-6; 50,4-9; 52,13— 53,12
7. Os profetas da restauração
(538-518)
Trito-Isaías (Is 56—66), Ageu,
Zacarias
Textos selecionados: Is 58,1-12;
5 9—60; 61, 1-3
8. A caminho do silêncio (s.
V-III)
Jonas, Joel, Malaquias, Zc 9—14
Textos selecionados: Jonas, Joel 3; Ml 3,1-3.23-24; Zc 9,9-10
9. Profecias e apocalíptica
Daniel
MONARQUIA E PROFETISMO
Ler 1 Sm 1-15 para entender porque a Monarquia suplantou o projeto tribal ( causas internas e externas).
Js. 17,6; 18,1; 19,1; 21,25 os problemas existem porque falta
um rei. “Onde o boi berra o povo está sem terra; onde o boi come o povo passa
fome”.
1 Sm 16 – 2Sm 6: fala
da ascensão (crescimento) de Davi
2Sm 7 – 1Rs 2: fala da Sucessão de Davi
2Sm 15-19 - revolta política de Absalão contra seu pai Davi
2Sm 20,1-22 - Seba
propõe a volta ao Projeto Tribal.
Davi matava e reduzia a escravos os movimentos de resistência.
Hoje, como o poder age em relação aos movimentos de resistências?
(desemprega...)
1Rs 3-11 Reinado de Salomão
Assim que se
tornou rei, Salomão limpou a área, i.é, mandou matar todos os possíveis
concorrentes e, assim fez também, com os movimentos de resistência. O povo
resistiu através de escritos cujo objetivo era manter viva a memória do Javé do
Êxodo e da época dos Juizes ( sistema tribal). Também os teólogos da Corte e do
Templo elaboraram uma literatura para justificar e manter o Sistema imposto por
Salomão
1Rs 5,1-8.27-30;10,14-29;11,1-13 - mostra o peso da estrutura
1Rs 11,26-40;12,1-24 - mostra o descontentamento...
- 1Rs 12,3-16 – o povo rejeita Roboão e escolhe Jeroboão
Jeroboão tinha como
proposta para o Reino do Norte (10 tribos), o Projeto Tribal, mas para se
defender de Judá (sul) – Jeroboão, viu-se obrigado a implantar a Monarquia.
Os profetas apoiam Jeroboão por causa da idolatria de
Salomão (1Rs 11,26-40) e não por causa da opressão.
1Rs 12,26-33 é uma leitura teológica do
êxodo...
1Rs 12 - 2Rs 25 - a história dos 2 Reinos
Israel e Judá
2Rs 14-17 - fim do Reino do Norte (722 – Assíria)
2Rs 17,7-23 - causas da catástrofe
2Rs 18-25 - fim do Reino do Sul (5886 – Babilônia)
Livro 1 e 2 Crônicas conta a história que vai de Davi até a queda
de Jerusalém. Como introdução apresenta uma longa geonologia que vem desde Adão
(1Cr 1-9). O eixo da história é Davi –
templo e o centro é Jerusalém. Não fala quase da história do Reino do
Norte que é apóstata por ter se rebelado contra o verdadeiro reino que é o de Judá (2Cr 13,4-12)
Os livros de Sm e Rs conta a história que vai de Moisés até a
queda de Jerusalém. Tem como base o livro de Dt 12-26 (Lei) e abrange os livros
de Dt até 2Rs. O pecado é Jeroboão ter se separado do templo de Jerusalém... A.
perspectiva é outra.
PROFETAS
PROFETAS
PRE-LITERARIOS:
Profetas pré-literários
não escreveram livros ( os livros 1 e 2Sm e 1 e 2 Rs falam sobre eles). Eles moram
na Corte, Palácio do Rei; denunciam os
erros do rei sem atacar a Estrutura e propõe a conversão do Rei.
1 - Natã: 2Sm
12,1-15;7,1-12.15;1Rs 1,1-53
2 - Gad: 2Sm
25,10-17;24,1-25;1Sm 22,1-5
3 – Sías de
Silo: 1Rs 11,26-40;11,26;14,1-20
4 – Elias: 1Rs
21,1-29;17,1-22,54;2Rs 1,1-2,18
5 – Eliseu: 2Rs 9,1-29;2,1-9,29;1Rs,19,19-21
6 – Micaías: 1Rs 22,5-28
7 – semeías: 1Rs 12,22-24
8 – Jéu: 1Rs 16,1-7
PROFETAS LITEERARIOS:
Profetas literários –
tem livro deles na Bíblia. Para eles a causa do mal é a Monarquia, derrubar
tudo e voltar ao sistema tribal. Denunciam a cidade que explora o campo e o
templo como raíz de todos os males – idolatria e religião vazia. Propõe a
destruição do templo e a volta ao Projeto Tribal.
Reino do Norte (Israel)
Am – denuncia as injustiças econômicas
Os – denuncia a política e a ideologia – Monarquia
Reino do Sul (Judá)
Is – monarquia - árvore que será desbastada e novo broto que
será 1 rei bom virá de Deus...
Mq – pecado é a
existência da cidade de Jerusalém e o templo – destruir e repartir as terras
Sofonias (640-623), Naum (
), Habacuc (605-600); Jeremias (627-585);
Abdias, Ezequiel
OS PROFETAS
Chamava-se então
vidente o que hoje chamamos profeta (cf 1Sm 9,11). Pouco a pouco, esta
instituição de videntes, homens de transe e que adivinhavam os segredos de
Deus, foi evoluindo para o profetismo. Os profetas são mais ouvintes. Chamados
pelo Senhor para ter a intimidade com Ele (Sl 25) e para serem “A boca do
Senhor” para o povo. Geralmente viveram em comunidades ou confrarias, talvez
com sinais bem específicos que os caracterizavam (roupa própria: 2Rs 1,8; alguma
tatuagem: 1Rs 18,28; 2Rs2,23; Zc 13,6; tonsura: Ez 5,1 e Am 2,11).
Sua tarefa era
manter viva no povo a lembrança da Aliança de Deus e suas consequências para a
organização social e política do país. No Antigo Testamento Samuel foi considerado o pai do
profetismo e Elias o maior profeta.
Um bom método para
ler os livros dos profetas é fazer com eles entrevistas que permitem o maior
número de aspectos da pessoa e de cada atuação.
Eis alguns exemplos:
UMA
ENTREVISTA COM AMÓS:
01 – Quem é você? (1,1)
02 – Por que você fala tão mal dos povos
vizinhos de Israel? (1,6-9)
03 – O que diz o Senhor a Israel?
(2,6-7;3,2.10-12)
04 – Você anda falando as senhoras da
sociedade? (4,1-3)
05 – E dos Juízes? (5, 10-15)
06 – E você acha que os riscos de Judá
são melhores do que os de Israel? (6, 1.3-7).
07 – E sua experiência com os
lavradores? (7,1-6)
08 – E os ricos? (7,7-9)
09 – Você teve que deixar Israel? Por
quê? (7,10-17)
10 – Como você apresenta o Senhor Deus?
11 – Deus castiga o mal, mas para os
oprimidos não há esperança? (9,12-15)
ENTREVISTA COM OSEIAS:
01 – Você teve uma
dificuldade com sua esposa? Levou-a a um tribunal? Por quê? (2,4-7)
02 – Como foi que o
Senhor o chamou para ser profeta? (3,1-3)
03 – O que Ele
mandou dizer a Israel? (4,1-3;5,11)
04 – O que você diz
das autoridades de Israel? (8,4)
05 – O que você
pensa da monarquia? (10,3;13,10)
06 – Você fala dos
militares e da Lei de segurança nacional? (10,13-15)
07 – Mas, ao menos,
os sacerdotes são agrado do Senhor? (5,1-2)
08 – E o culto?
(6,4-6)
09 – Finalmente,
qual a queixa do Senhor contra Israel? (11,1-6)
10 – O que promete
ele? (2,16b-25)
11 – O que devemos
fazer? (14,2-8)
ENTREVISTA COM ISAÍAS:
01 – Como você foi
chamado pelo Senhor? (6,1-8)
02 – Como está o
povo de Judá? (1,1-9)
03 – O que você fala
q este povo? (3,11-15)
04 – É verdade que
você fala mal dos proprietários de terra? (5,8-9)
05 – E das senhoras
da sociedade? (3,16-24)
06 – Qual sua
atuação quando ia ser invadida pela aliança da Síria e de Israel? (7,1-17)
07 – Quando nasceu o
filho do rei, você fez um poema. Como era? (9,1-7)
08 – Você falou dos
lavradores? (28,23-29)
09 – Qual é a nossa
esperança? (10,20-21; 4,2-6; 29,18-23)
10 – Como você nos
revela o Senhor Deus? (12; 33, 21-22; 6,3)
ENTREVISTA COM JEREMIAS:
01 – Como você foi
chamado pelo Senhor? (1,4-10)
02 – Como está a
situação do povo? (4,19-28)
03 – Por que se
chegou a este ponto? (5,26-31; 2,4-9.12-13)
04 – Qual é a sua
posição sobre a reforma de Josias? (11,1-8)
05 – Qual é a reação
do seu pessoal em Anatot? (11, 18-19)
06 – Depois você se
decepcionou com a reforma? (4,3-4; 8,8-10)
07 – Dizem que você
teve muitas crises e depressões?
(15,10-21; 20,7-9 e 19-26)
08 – Sua atenção na
época da invasão dos babilônios foi meio estranha. Por quê? (19, 1-4, e 10-11;
21,1-10).
09 – Você
desrespeitou o templo? (7,1-15)
10 – Que
consequências teve isto? (26, 7-19)
11 – O pessoal ficou
com raiva de você? (18,18-19; 20,1-6).
PROFETISMO
Para entender o
conceito, faz-se necessário a compreensão de alguns termos:
Profeta = aquele que
não fala a sua própria mensagem, ele age conscientemente, tem liberdade dentro
de certos limites de apresentar a mensagem conforme lhe convém. "O profeta
é para Deus o que Arão era para Moisés, quer dizer, o seu porta-voz ou
mensageiro aos terceiros.
Navi = é a palavra
hebraica mais usada para designar a pessoa do profeta ou sua função e significa
profetizar, chamar ou proclamar(ativo). Ser profeta e ser chamado para
proclamar(passivo).
Roeh = vidente. O
profeta é também conhecido como aquele que vê aquilo que outras pessoas não
vêem. O vidente tem a capacidade de revelar segredos ocultos e eventos futuros.
No caso dele, ressaltam-se as visões, ao passo que no caso do profeta, enfatizam-se
as palavras(Isaías 30,10).
Isha Elohim -
"homem de Deus". Este título expressa a estreita associação da pessoa
com Deus. Esta estreita relação dos profetas com Deus é expressa igualmente pelo
nome “homem de Deus”, que quase só aparece nas narrativas sobre Samuel, Elias e
Eliseu( ver I Samuel 2,27; 9,6; II Reis 17,18; 4,9).
Grupos Extáticos -
estes nevi’im andavam livremente pelo país afora, eram misticos que buscavam no
êxtase um estado de transe para assim proferirem suas mensagens. Observa-se
nesta categoria a presença de Saul (I Sm 10: 5), dos profetas de Baal(I Reis
18,19-40).
Qual é o significado
ou a definição de profecia? Tem se dado pelo menos três significados ou
definições como por exemplo:
a. Um tipo de literatura ou estilo literário encontrado
na Bíblia. No caso, do Antigo Testamento é a segunda parte do Cânon hebraico.
Quatro profetas maiores e os doze profetas menores escritos no Israel antigo
entre 760 e 460 antes de Cristo, contém uma vasta coletânea de mensagens de
Deus. Os termos menores e maiores relacionam-se com o tamanho dos escritos e
não com a sua importância.
b. Uma maneira de compreender a história. As vezes o
profeta volta ao passado para tirar alguma lição, para comprovar alguma
situação no presente, a capacidade de ver, analisar, expor(capacidade tanto no
passado como no presente e futuro).
c. Um movimento histórico. As experiências proféticas vêm
como uma orientação do Espírito Santo para da Bíblia tirar as mensagens para os
dias atuais.
3.1 Profetas no
Antigo Oriente e no Antigo Israel
A
história das religiões e as informações colhidas pelos pesquisadores do Antigo
Oriente nos permitem afirmar que o profetismo como tal, do mesmo modo como, por
exemplo o sacerdócio, não era uma exclusividade de Israel e do Antigo
Testamento. Regiões como Síria, Palestina e Mesopotâmia revelam seus profetas
em seus registros histórico-religiosos e o próprio Antigo Testamento registra a
existência de profetas do deus cananeu Baal em I Reis 18:19; II Reis 10:19.
Basicamente estes profetas eram videntes e de algum modo este estilo
caracterizou o profetismo em Israel, uma vez que no período do nomadismo houve
contato com diversas culturas.
No
Antigo Israel encontramos a presença de dois tipos básicos de profetas: o navi
e o roeh, e ambos bem afeitos a época e ao momento cultural do povo. O primeiro
revela a figura do extático, que se acha ligado aos cultos excitantes da
fecundidade dos países de cultura(agrícolas)...e o segundo revela a figura do
vidente, associado ao âmbito da vida nômade. O certo é que Israel perde bem
cedo essa figura do vidente assim como os conceitos da vida nômade. Os nevi’im
assumem então um papel importante na vida do antigo Israel desenvolvendo assim
seu ministério profético debaixo dos limites da fé javista. O movimento
profético, como escola, tem um momento histórico preciso para o seu início:
Samuel. É apontado o décimo primeiro século antes de Cristo como a época do
início do movimento, cuja característica era ser espontâneo e leigo, sem
conexão com a instituição sacerdotal. Ao contrário dos profetas das outras
religiões, os profetas hebreus eram anunciadores da moralização e
espiritualidade requeridas por Deus, e isso não tem paralelos nos outros
profetas. Em lugar de feiticeiros e adivinhadores, Deus levanta profetas que
busquem o bem espiritual do povo, para que o mesmo cumpra os propósitos de
Deus.
3.2 O Profetismo e o
Estabelecimento da Monarquia
É
certo que no período dos juizes percebemos uma certa instabilidade na teocracia
e no período de Samuel encontramos um momento de transição entre a teocracia e
a monarquia. Pergunta-se qual é a relação do profetismo com a Monarquia? Samuel
é testemunha ocular e agente influente nesta transição. Ele representa a tradição
anfictiônica e parece que Samuel resistiu muito a idéia da monarquia. A escolha
do primeiro rei de Israel deu-se por dois mecanismos: a aclamação popular e a
designação profética(I Sm 10:1; 11:14)(13). A importância dos profetas não é
vista somente na consagração dos reis mas também na manutenção do princípio da
teocracia. Depois de Samuel, temos alguns profetas mencionados tais como: Natã,
Gade, Abiú, Micaías, Aías, Semaías, Jeú, Elias e Eliseu. Os profetas também
agiram na repreensão aos reis ou à corte por suas injustiças, como no caso de
natã(roeh) repreendendo a Davi. No período do reino dividido profetas surgiram
e advertiram o povo de um modo geral. Durante a apostasia que tomou conta da
nação israelita vemos a veemência com que Elias e Eliseu proclamam mensagens de
Deus contra a impiedade dos líderes e os pecados por eles cometidos. Na época
do reino do norte, o movimento era bastante extenso, a ponto de haver grupos de
cinqüenta profetas num só lugar, como Betel. O reino do norte teve o fim trágico
anunciado pelos profetas exatamente porque não dera ouvido aos seus oráculos.
Judá também não escapa da infidelidade e caí nas mãos dos seus inimigos e é
levado ao exílio.
3.3 O Profetismo no
Século Oitavo
Historicamente os
profetas deste período são conhecido como anteriores ao exílio. O povo de
Israel testemunha neste período o surgimento dos profetas escritores, que
deixaram registradas suas mensagens divinamente inspiradas. Durante esta época
agiram: Amós, Oséias, Isaías e Miquéias.
3.4 O Profetismo no
Século Sétimo
Após Isaías,
passaram-se mais ou menos setenta anos sem profecia(se houve profecia neste
período ela não foi registrada) e neste período reinou Manassés. Há pelo menos
três razões que explicam o ressurgimento da profecia em Israel no final do
século sétimo antes de Cristo:
a. Os problemas
internos de Judá motivados pela idolatria incrementada pelo abominável rei
Manassés; as bases do javismo estavam seriamente ameaçadas colocando em sério
risco a integridade religiosa de Israel;
c. Mudanças
políticas dentro do Império uma vez que os babilônios se rebelaram contra os
assírios em 626(a esta altura Judá não havia sofrido nenhuma influência) e
estabelecem uma dominação de maneira ampla. Os porta-vozes de Deus neste
período foram: Jeremias, Sofonias, Naum e Habacuque.
3.5 O Profetismo no Século Sexto
Estes são conhecidos
como profetas do exílio e retratam uma parcela distinta da história de Israel.
Os profetas deste período são: Ezequiel, Obadias, Ageu e Zacarias. A função
destes homens foi manter a antiga esperança nacional, e projetar como
recompensa uma nação nova e transformada, totalmente dependente de uma ação
redentora de Deus.
3.6 Desaparecimento
do Movimento Profético
Algumas causas podem
ser levantadas, como as seguintes:
a. Canonização da
Lei em meados do séc. V a.C. – o povo teve um meio certo de conhecer a palavra
de Deus, sem a necessidade de profetas;
b. Empobrecimento da temática: Centraliza-se
cada vez mais no futuro. Por outro lado, não se trata de grandes temas do presente.
c. O crescimento de
adivinhos, magos: O povo os identificava com os profetas, fazendo com que os
mesmos caíssem em descrédito.
Mesmo assim, a
profecia continuou tendo prestígio em Israel. Antigos acreditavam que o Messias
seria um grande profeta.
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