5ª Carta às Comunidades:
PALAVRA, PÃO, CARIDADE E AÇÃO MISSIONÁRIA NA COMUNIDADE ECLESIAL DE BASE
15 de julho de 2020
Carta às Comunidades nº 05 Rondonópolis, 15 de julho de 2020.
Estimadas comunidades eclesiais espalhadas e organizadas no Brasil e na América Latina!
O TREM DAS CEBs COMEÇOU A ANDAR, E NÃO PODE PARAR!
O trem da CEBS saiu de Londrina e continua sua jornada a caminho de Rondonópolis/MT. Nas estações por onde tem passado nos deixa uma carta, com conteúdo que alinha e direciona os caminhos de preparação para o 15º Encontro Intereclesial que será sediado por nossa Diocese em 2022. Muitas são as estações por onde esse trem passará, muitas serão as estações onde ele chegará, trazendo e levando os sonhos, ações e esperanças daqueles que se unem à Boa Nova, na missão peregrina de formar uma Igreja acolhedora, includente e atenta as políticas sociais, necessidades e dignidade de todo o ser humano, para que tenham vida e vida em abundância. O trem não pode parar, pois é nele que se movimentará nossas ações; é ele que levará de uma estação a outra como nos fala o Tema: “CEBs: Igreja em Saída na busca da Vida Plena para Todos e Todas”, é nele que viajaremos fortalecidos, entoando nosso Lema: “Vejam! Eu vou criar novo céu e uma nova terra…” (Is 65,17ss).
O TREM ATRAVESSA UMA NEBLINA PERIGOSA
Esse trem está atravessando uma pandemia que já perdura mais de quatro meses. Perdas, medos, cuidados, insegurança, quarentena, muitas opiniões acertadas e muitos erros na condução desta pandemia. Mas não podemos fraquejar e nem desanimar. Saudades da comunidade. Redescobriu-se a evangelização e o fortalecimento das comunidades através das redes sociais. Mas logo voltaremos à comunidade, ao abraço, ao sorriso, às crianças brincando sorridentes, muitas histórias, sonhos e planejamentos. Novamente círculos bíblicos, reuniões, planejamentos… vida de comunidade.
BUSCA DA VIDA PLENA PARA TODOS E TODAS
Em tempos modernos vivemos realidades distintas que vão da presença à omissão, do medo à coragem, do silêncio ao se fazer ouvir, as críticas e opressões se elevam em relação àqueles que escutam o grito dos oprimidos e por eles decidem ir e dedicar sua luta de dar voz e vez a quem está às margens do caos social. Buscar vida plena para todos e todas, requer coragem, esvaziamento de si, fé e uma crença absoluta de que o Evangelho e os exemplos deixados por Jesus Cristo são o caminho que levará ao novo céu e uma nova terra. Mas, onde buscarmos e por onde começarmos a trilhar o caminho que esse trem deverá passar? A resposta se encontra na ação e vivência comunitária, na base, onde o caminho a ser percorrido é reconhecer o papel fundamental das comunidades eclesiais de base. As CEBs, um lugar muitas vezes distante que mesmo entre tantos desafios busca a inclusão e a integração social, através dos quatro pilares fundamentais que as sustentam, Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária, deve ser cada vez mais difundido e incorporado ao cotidiano das Dioceses e Paróquias.
CONHECENDO A CASA: a casa CEBs, uma casa de portas abertas.
Palavra, significa a iniciação à vida cristã, se refere a adesão a Jesus Cristo, não somente pela porta do Batismo, Confirmação e Eucaristia, mas principalmente na experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. É através da Palavra ou das Sagradas Escrituras como canal condutor que se chega as experiências em Cristo, é por ela que alimentamos o amadurecimento da fé e colocamos em prática o anúncio de Jesus Cristo. A Sagrada Escritura nos chama ao eixo íntimo e necessário à mensagem original de Jesus Cristo. Ela é fonte inspiradora para a transformação de pessoas, famílias e sociedade, a direção para um novo céu e uma nova terra. A iniciação à vida Cristã nos propõe o confronto entre nossa vida com a vida, prática e atitude de Jesus. Os primeiros Cristãos faziam essa experiência no processo de inserção à comunidade. A palavra de Deus nos molda e fortalece na construção da nova Jerusalém desde a terrestre – terra sem males – e a celeste que é a vitória da ressurreição dos mortos.
Pão, oferecido à comunidade como alimento insubstituível à vida cristã, deve ser valorizado pelas comunidades como a verdadeira via para a comunhão com Cristo e a comunidade. O “Pão da vida” (Jo 6,35), que celebra o domingo de alegria, é o que mantem Jesus presente naqueles que se valorizam essa comunhão. No alimento concedido pelo Pão, Jesus nos chama para a missão de partilha e comunhão. O Pão, além do corpo e sangue de Cristo e palavra de Deus é também o que alimenta, sustenta e eterniza, desde a igreja doméstica, ninho de gestação e existência até as relações mais amplas com a comunidade, sociedade e com o próprio Deus Trindade.
Caridade, guiados pela Palavra e alimentados pelo Pão, a comunidade se faz fonte de vida, se faz lugar de fecundação, é casa comum a todos que chegam, aos que são esperados e principalmente àqueles que são resgatados. A caridade significa amor à Deus e ao próximo, é uma virtude, por não ser um dom, deve ser praticada até virar um hábito de se fazer o bem. “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias do homem de hoje, sobretudo dos pobres e todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco em seu coração” (GS, Proêmio, n.1). A caridade deve ser a prática de se oferecer as portas abertas para a vivência do Evangelho, onde as experiências vivenciadas sejam a aliança de resgate e dignidade à vida, desde a concepção até sua finitude.
Ação Missionária, “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). A tarefa missionária é uma prática diária. É a conscientização de que chamado à missão a própria vida é transformada. Não se vive mais em si e sim no outro. O cristão chamado, tocado pelo projeto missionário de Jesus Cristo parte em busca não só dos mais próximos, mas, dos desconhecidos, vai ao encontro de um, dois ou do coletivo e resgata os que se encontram apartados. Cotidianamente suas ações devem ser de solicitude para com os pobres, afastados, marginalizados e excluídos em uma sociedade onde a modernidade insiste em implantar uma individualização do eu como caminho de realização pessoal. A conscientização de que a Igreja não é estática, não se define em si, mas em cada um que a leva ao próximo, nasce no coração do missionário que busca uma transformação social justa.
O trem das CEBs tem a finalidade de animar, fortalecer, avivar e motivar as comunidades rumo a acolhida e convivência fraternal, a exemplo dos cristãos das primeiras comunidades (At 2,42-47) estreitando os laços, encurtando distâncias, aquecendo relações, partilhando tudo de si para o enriquecimento da comunidade e assim ultrapassarmos as diversidades eclesiológicas, como balizadora, para a unidade no qual todos possam entrar na roda e dançar a mesma música, cuja melodia e o ritmo seja o mesmo: evangelização e vivência da fé entre irmãos e irmãs.
Para Roda de conversa:
Como está a celebração da Palavra na comunidade?
E a leitura da Palavra de Deus?
Os grupos bíblicos?
Que ações de caridade, de transformação estão acontecendo nas comunidades?
Como são cultivadas as lideranças especialmente o espaço para jovens?
Secretariado do 15º Intereclesial das CEBs
(contribuição do Pe. Ademilson Lopes de Assunção).
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