A Palavra de Deus em Família - 13/04/23 - Lucas 24,35-48. Baltazar Dias

A Palavra de Deus em Família - 13/04/23 - Lucas 24,35-48.


"Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai -tocai- e vede: um espírito não tem carne e nem ossos como verdes que eu tenho" (Lc 24,39).

Ontem refletimos sobre a aparição do Ressuscitado na hora em que Ele sentou-se à mesa e partiu e repartiu o pão com os discípulos caminhantes de Emaús (cf. Lc 24,30-32).

No evangelho da liturgia de hoje Jesus aparece novamente a todos os discípulos, com exceção de Tomé que estava ausente, e anuncia-lhes a paz, e que não tenham medo. E para confirmar sua presença real mostra-lhes os sinais da crucificação, isto é, as chagas nas mãos, nos pés e no lado do peito (cf. Lucas 24, 36-40).

Apesar da alegria de ver o Ressuscitado os discípulos ainda ficaram só no sentimento da admiração e no medo. Foi aí que Jesus teve a idéia de provar sua presença real mostrando-lhes suas chagas e depois pedir-lhes a partilha da comida, um pedaço de pão ou, como neste caso, de peixe assado (cf. Lc 24,39-42).

Só depois deste 'choque de realidade' e deste gesto de partilha é que Jesus passou a explicar-lhe toda o mistério da redenção através das Escrituras Sagradas (cf. Lc 24, 44-48).

Cada dia eu me pergunto sobre esta missão dos cristãos, das Igrejas e movimentos que se dizem cristãos, desde Roma, Jerusalém... espalhados até hoje aos confins do mundo.

Imaginemos se todos nós que nos dizemos cristãos, nestes dois mil anos de história do cristianismo, nós que dizemos acreditar na ressurreição de Jesus começássemos a vê-lo hoje de verdade e realmente em suas chagas, isto é, nas pessoas que sofrem a crucificação do dia a dia martirizados pelas doenças, drogas, ideologias e pelos sistemas políticos e econômicos que só favorece aos mais ricos e crucifica os pobres?!

Hoje nós pseudos cristãos dizemos, a Igreja está se acabando, ninguém mais quer ser cristão, ninguém mais acredita em padre, pastor, etc.

Este evangelho nos encoraja a dizer que se não for pela caridade que permite ver o Ressuscitado através de suas chagas no povo..., pra que construir imponentes santuário? Será que Jesus aparece lá? Pra que cobrar dízimos, vender livros, vender músicas, shows?! Será que Jesus está nestes sentimentalismos, devocionismos ou intelectualismos da fé?!

Pra que fazer missão se os pobres, o Ressuscitado ferido, chagado não está lá?

Talvez a vida dos santos...de um São Francisco, de uma Irmã Dulce, Irmã Dorothy, de um Luther King, de um Mahatma Gandhi, de um Mandela, de um Hélder Câmara e de uma multidão dos que lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro possa nos iluminar e restaurar a verdadeira fé no Ressuscitado que aparece ainda hoje no meio do povo como Cordeiro partilhado, sacrificado e chagado (cf. Apocalipse 7,9-12; 22,14).

Desde o princípio, quando os santos e a Igreja de modo geral reúne os pobres, os famintos, doentes, os chagadosde modo geral, para a cura e a partilha é que o Ressuscitado aparece em nosso meio e a Igreja naquele local se anima, cresce e ganha nova vida no meio do povo (cf. Atos 2,42-47; 4,32-35; 5,12-16).


Baltazar Dias 91 9 9810 - 8219

Cursos de Interpretação e Espiritualidade do Evangelho.



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