CEBs e sinodalidade. (Marcos do Vale e Tarcísio da Caminhada)

 

A palavra sinodal significa "caminhar junto". A Igreja, assim como a Trindade, não consegue agir de outra forma. Precisa fazer junto, ou não existe.

"Deus é amor", diz São João. Jesus falou para sermos misericordiosos, pois o Pai é Misericordioso. E Jesus também é. E o Espírito então?

"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome..." estarão o quê? falando mal dos outros? Se for assim, não é coisa de Deus!

As CEBs são um agir em comunhão. Do jeito de Deus. Jesus nunca agiu sozinho. O Pai não quis um Filho egoísta. O Espírito é quem reúne.

As CEBs surgiram com o Concílio Vaticano II. A Igreja Católica escolheu este jeito de ser não só no Brasil, não só na América Latina, mas em várias partes do mundo. Vários papas e bispos falaram sobre elas.

Na verdade, as CEBs já existiam como nos mostram os Atos dos Apóstolos. O Concílio Vaticano II as resgatou. Foi um verdadeiro sopro do Espírito, o ressurgimento delas. E cada intereclesial é um novo Pentescostes para seus membros, apesar de toda oposição, e de falta de apoio de muitos setores da Igreja. Elas resistem na força do Espírito do Ressuscitado, e continua sua caminhada, acreditando numa terra sem males. As CEBs nos ensinam a sermos uma Igreja sinodal, não piramidal, mas de forma circular.

Quer conhecer um pouco sobre as CEBs? Venha com a gente! Somos os "Padres da Caminhada", um coletivo de quase 500 padres do Brasil.

Nascemos das CEBs e não sabemos viver sem gerar e cultivar CEBs.

Existem leigas e leigos, religiosas e religiosos, diáconos, outros padres, bispos e até o Papa assim: Igreja Sinodal.

Como é sua Igreja? O padre manda e você precisa obedecer? Infelizmente temos um longo caminho de conversão a percorrer. Mas o jeito de Jesus agir é junto:

Não se revelou a Tomé enquanto não estava em comunhão.

Mas a comunhão não é para garantir o poder: Ele aparece, no finalzinho do Evangelho de João, aos discíplulos à beira da praia como um mendingo: "moços, tendes alguma coisa para comer?"

Jesus fala no final do Evangelho de Mateus que quando dermos comida, bebida, agasalho, abrigo, acolhida, visita a algum necessitado, é a Ele que estaremos fazendo isto.

Mas dar ainda não é tão difícil quanto ensinar a pescar. Mais ainda: o Papa Francisco fala que é preciso ir aos pobres e nos deixar evangelizar por eles.

Então, o ser sinodal, é ser de base: de baixo.

Qual a criança que a mãe ama mais? "Ama todas iguais padre!" É nada! Tem uma que ela tem preferência: a que precisa mais. Assim é a Igreja sinodal: parte da base, pois assim estará atendendo a todos. Por mais que o filho mais velho venha a reclamar: "este teu filho..." e resmunga que o irmão é um pecador e não merecia tanta atenção.

Olhar para cima? Não! Este Jesus que subiu, vai descer. Vamos olhar para aqueles que ninguém olha. Vamos para baixo.

Mas, não vamos descer sozinhos. Vamos juntos!

Jesus chega antes de nós. E nos envia pelo menos de dois em dois.

"Erguer as mãos com alegria, mas repartir também o pão de cada dia", como diz Pe. Zezinho.

Jesus nos leva sim ao Monte Tabor, mas também nos leva ao Calvário das várias periferias. Não quer o sacrifício, mas misericórdia. Vamos juntos e desapegados!

Aprendamos com as CEBs!